Andrey Budaev
A Rússia e a Organização Mundial do Comércio
A escolha estratégica foi feita
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Pode-se dizer sem exagero que no dia 16 de dezembro do ano passado ocorreu um evento histórico para a Federação da Rússia e para a comunidade econômica internacional. Após 18 anos de negociações difíceis, que às vezes pareciam chegar a um impasse, foram assinados os documentos que permitiram à Rússia tornar-se um membro de pleno direito da Organização Mundial do Comércio (OMC). A equipe dos negociadores profissionais chefiada por Maksim Medvedkov desempenhou um grande papel para alcançar resultado positivo.
Depois disso, dentro do prazo de 220 dias, deverá ser realizada a ratificação dos acordos indicados pelo Parlamento russo (a Duma Estatal). Isso acontecerá aproximadamente no início de julho. O acordo entrará em vigor 30 dias após a ratificação. Assim, em agosto de 2012 a Rússia poderá tornar-se um membro de pleno direito da OMC.
A integração na OMC será realizada em etapas ao longo de dez anos, mas as empresas russas e as companhias estrangeiras que trabalham na Rússia já estão se preparando para a liberalização do mercado e para a redução alfandegária. A entrada na OMC aproxima a Rússia dos princípios e padrões internacionais de comércio. Os termos do acordo darão aos representantes de empresas e de negócios internacionais a possibilidade de obter maior transparência e previsibilidade para trabalhar no mercado russo.
Até hoje continuam na sociedade russa as discussões relativas às consequências positivas e às possíveis consequências negativas para a economia nacional após o ingresso da Rússia na OMC. Segundo algumas avaliações, poderão ser mais afetados os ramos da economia russa como a indústria de automóveis, a indústria leve e a agricultura. Contudo, uma decisão significativa foi tomada, e, sem dúvida, trará mais vantagens em longo prazo, tornando-se elemento importante para o progresso econômico posterior da Rússia.
O ingresso na OMC permite à Rússia atrair investidores e projetos de longo prazo, porque o fato de a Rússia não fazer parte da OMC era um motivo de insegurança para muitos investidores. A adesão permite ter maior confiança na estabilidade dos investimentos e dá possibilidade de aumentar a participação estrangeira no mercado russo. Uma das principais vantagens da adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio será o desenvolvimento da ciência, de novas e modernas tecnologias e de serviços intelectuais no nosso país.
Em curto prazo virá a competência para realizar as mudanças. Com a gradual redução e a posterior eliminação das tarifas alfandegárias para os artigos estrangeiros, os produtores russos se verão obrigados a se esforçar para atingir o nível de seus concorrentes estrangeiros. É uma necessidade objetiva: caso contrário, os produtos locais perderão seu lugar no mercado. Tudo isso deverá contribuir para o aumento da eficiência entre os produtores russos e a diminuição de preço para os consumidores. Como resultado, isso trará vantagens para ambos, produtores e consumidores.
A tarifa média para mercadorias após a entrada de todos os acordos em vigor diminuirá de 10% para 7,8%, sendo que a taxa para produtos agrícolas sofrerá uma baixa de 13,2% para 10,8%, e para artigos da indústria de transformação, de 9,5% para 7,3%.
De acordo com a estimativa do Banco Mundial, o efeito sumário positivo da liberalização de tarifas vai constituir 3,4% do PIB. A maioria dos ramos da economia russa vai se beneficiar graças à adesão. O acréscimo mais significativo da produção e do emprego é esperado na siderurgia (de até 25%) e na metalurgia de metais não ferrosos (de até 15%). O acréscimo na indústria química e petroquímica será por volta de 10%, enquanto o da extração do carvão, de até 6%. Ao contrário, os setores industriais nos quais é esperada uma queda da produção são caracterizados pelo nível original alto de protecionismo e pela parcela insignificante na produção. A maior queda será no setor da engenharia mecânica, de até 12%, e na indústria alimentícia e leve, de até 7%.
Segundo as estimativas da Organização Internacional do Trabalho, após a adesão a queda do emprego na indústria poderá chegar, em média, a 6 mil pessoas por ano, e a mil pessoas daqui a 7 a 8 anos.
A escolha estratégica foi feita. Um trabalho nada simples deverá ser realizado para que os acordos respectivos se tornem uma realidade, o que vai exigir imensos esforços do lado da Rússia e dos seus parceiros comerciais.