Diário da Rússia

Andrey Budaev

Os 200 anos da vitória russa na Guerra Patriótica de 1812

É importante que a juventude russa respeite e guarde na memória as principais datas históricas do nosso país

Celebra-se este ano o bicentenário da vitória da Rússia sobre as tropas de Napoleão Bonaparte, que foi uma das páginas gloriosas da História Russa, que de modo decisivo mostrou o espírito e o caráter invencível e firme do exército e do povo russos.

Voltando àquele período histórico, vale a pena destacar que as causas da guerra entre a Rússia e a França de Napoleão no território russo, durante 1812, foram a renúncia da Rússia de apoio ao bloqueio continental que Napoleão considerava como arma principal contra a Inglaterra, bem como a linha de Napoleão em relação aos países europeus realizada sem levar em conta os interesses da Rússia. A política agressiva de Napoleão levou à conquista de vários países europeus. Seu “grande exército”, junto com soldados dos estados-vassalos, contava com 600 mil homens. A guerra contra a Rússia foi, então, iniciada por Napoleão, que tinha certeza de sua rápida vitória.

Na primeira fase da campanha (de junho a setembro de 1812) o exército russo, perante o número superior de combatentes franceses, retirava-se, com enfrentamentos, das fronteiras russas para o interior do país. O principal evento daquela campanha militar foi a grande batalha perto da aldeia de Borodino, a 125 quilômetros de Moscou, que ocorreu em 26 de agosto (7 de setembro, pelo calendário gregoriano) de 1812.

Durante a batalha de 12 horas, da qual participaram 120 mil soldados e oficiais russos e 140 mil adversários, as tropas francesas conseguiram invadir uma parte dos sítios russos, mas após o fim das ações militares os franceses afastaram-se para suas posições iniciais.

A Batalha de Borodino é um dos combates mais sangrentos do século XIX. De acordo com as contagens, a cada hora 2.500 pessoas se tornavam vítimas no campo de batalha. Segundo várias estimativas, as baixas do exército russo somaram 45 mil pessoas, entre elas, 23 generais, enquanto as da França excederam 30 mil pessoas, inclusive 49 generais.

Estima-se que as tropas russas “alcançaram a vitória”. Contudo, no dia seguinte o comandante-chefe do exército russo Mikhail I. Kutuzov ordenou recuar em razão de grandes perdas e devido à presença de forças de reserva de Napoleão que se apressavam a prestar apoio ao exército francês. O mais importante é que as tropas russas conseguiram manter a combatividade e o espírito moral, o que predeterminou a derrota de Napoleão nessa campanha.

A Batalha de Borodino enfatizou a crise da estratégia francesa da batalha geral decisiva, durante a qual as tropas francesas não conseguiram destruir o exército russo, obrigar a Rússia a se render e ditar condições de paz.

As tropas russas causaram prejuízo enorme ao exército do inimigo e conseguiram conservar forças necessárias para as próximas batalhas. As tropas russas recuaram, e uma parte considerável de residentes também abandonou Moscou. Após a tomada da cidade, as tropas invasoras napoleônicas praticavam saques, roubos e ações violentas contra a população local. Isso causou muita indignação entre os nobres russos e a gente comum.

A partir daquele momento começa a guerra popular contra os invasores napoleônicos. Os russos comuns se tornam combatentes de tropas oficiais e unidades irregulares, formam-se vários grupos de guerrilheiros que fazem golpes fulminantes contínuos contra o inimigo, causando grandes prejuízos. A guerra ganha o nome de “patriótica”. As tropas “invencíveis” de Napoleão retiram-se constantemente, sofrendo baixas e abandonando bens roubados.

Na segunda fase da campanha (de outubro a dezembro de 1812) as tropas de Napoleão realizavam manobras a fim de procurar alojamento durante o inverno em locais não devastados pela guerra, e depois afastavam-se até as fronteiras da Rússia perseguidas pelos russos, e sofrendo fome e frio.

A campanha terminou com a destruição quase total do “grande exército” napoleônico, a libertação das áreas russas e a transferência de operações militares para as terras do Ducado de Varsóvia e para Alemanha em 1813.

Após a entrada vitoriosa em Paris, as tropas russas mostraram generosidade e tolerância, não se vingando dos vencidos. Isso permitiu ao exército russo ganhar respeito aos olhos dos franceses. Apesar de a Guerra Patriótica de 1812 ter sido sangrenta, não se transformou em linha divisória entre a Rússia e a França e seus cidadãos, mas se tornou objeto de pesquisas para cientistas e historiadores.

Segundo os historiadores, entre as principais causas da derrota de Napoleão estão a participação do povo inteiro na campanha e o heroísmo do exército russo, a incapacidade das tropas francesas de realizarem ações militares em vastas áreas e em condições climáticas russas e o talento do chefe-militar Mikhail I. Kutuzov e de outros generais.

A campanha militar de 1812 deixou uma marca profunda na consciência da sociedade russa. Ela tornou-se símbolo da unidade do exército e do povo russos, da força espiritual russa. A memória histórica sobre aqueles grandes eventos permanece no coração das novas gerações russas. O ducentésimo aniversário da Vitória na Guerra Patriótica de 1812 celebra-se no nosso país em 2012 com a realização de uma série de eventos históricos, culturais e sociopolíticos. Em particular, em abril deste ano Moscou realizou por ocasião deste jubileu a conferência de juventude, da qual participaram mais de 120 delegados, nossos compatriotas no estrangeiro na idade de 18 a 25 anos (os vencedores de concursos e olimpíadas da História Russa).

É importante que a juventude russa respeite e guarde na memória as principais datas históricas do nosso país. Isso inspira a certeza e o otimismo com o nosso futuro comum.

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