Diário da Rússia

Visita Presidencial à Rússia

Russos apostam na tecnologia da informação

Dmitry Burykh, chefe da Representação Comercial da Rússia no Brasil, fala de TI e da visita da Presidenta Dilma Rousseff a Moscou

Em sua série de entrevistas com notáveis personalidades, políticos e homens de negócios da Rússia e do Brasil, o programa Voz da Rússia conversou com Dmitry Burykh, chefe da Representação Comercial da Rússia no Brasil.

A seguir, os principais momentos da entrevista feita por Aleksander Krasnov.

Voz da Rússia: Dmitry Burykh, para começar, poderia falar sobre a recente missão das empresas russas de tecnologia de informação realizada no Brasil?

Dmitry Burykh: Em geral, a missão de negócios foi bem-sucedida. Vieram 12 empresas, entre elas algumas grandes, como a Kiwi, que é uma das maiores operadoras de pagamentos online na Rússia. Eles trabalham também na América Latina, em particular, na Colômbia. Essa empresa está começando um projeto na Argentina e também no Brasil. Durante a visita, eles conseguiram assinar um contrato com uma empresa brasileira para a distribuição de softwares para o setor bancário. Houve também dois acordos de intenções de cooperação com o Instituto Federal de Alta Tecnologia do Rio de Janeiro. Antigamente não se dava atenção suficiente à área de TI, hoje as empresas russas do setor são altamente competitivas. Se hoje estamos falando de um contrato na ordem de 5 a 15 milhões de dólares por ano, então eu acho que podemos avaliar a exportação de serviços de TI da Rússia e vendas de programas de software em 100 a 150 milhões de dólares por ano.

VR: Sabemos que existem também outras empresas russas do setor de tecnologias de informação que já estão presentes no mercado brasileiro.

DB: Temos a Kaspersky, que é realmente um monopolista aqui. Ou a empresa Abbey, que, segundo os nossos dados, tem um volume de negócios de 3,4 milhões, contratos com tribunais federais, com o Ministério da Fazenda...

VR: E que tipo de produtos eles oferecem aqui?

DB: Provavelmente você mesmo deve usar, o programa Fine-Reader, que se baseia em tradução de texto escaneado no formato Word. Eles têm também outros produtos interessantes, mas o que se usa frequentemente e está representado de forma mais ativa é o que os tribunais usam, que traduzem os arquivos de papel para um modo eletrônico a fim de que ele seja legível aos programas redatores de texto como o Word.

VR: Então, é uma nova direção, na qual podemos sair do caminho de ter um volume de negócios estreito, como tínhamos antes?

DB: Sim, está correto, estamos caminhando nessa direção, para sair da dependência de um só tipo de exportação, e diversificá-la o quanto for possível. Também é uma opção mais moderna, porque se trata de produtos de alta tecnologia e de alto valor agregado, eu até eu diria – de máximo valor agregado.

VR: Vocês têm algum plano para um futuro próximo, de estabelecer eventos similares aos que vocês realizaram com a tecnologia de informação?

DB: Eu acredito que esse evento será anual. Em segundo lugar, nós vamos seguir todas essas empresas que vieram para cá, acompanhar o andamento dos contratos, e acredito que haverá em breve uma troca bilateral. As empresas brasileiras também devem ir para a Rússia.

VR: Em relação à visita da Presidenta Dilma Rousseff à Rússia, o que podemos esperar dessa viagem? Talvez esteja faltando alguma coisa na parte da legislação para o incremento das relações bilaterais?

DB: Eu não enxergo nenhuma deficiência na legislação. Existem todas as leis e normas necessárias. No que diz respeito aos investidores privados, a questão está na fórmula de interação que eles escolhem. Podem escolher um longo caminho de registro a partir do zero em uma empresa estrangeira; ou, então, pode-se escolher um caminho mais curto e mais fácil, que é o de estabelecer uma empresa conjunta, uma joint-venture, na compra das ações de uma empresa brasileira.

VR: Isso é mais fácil e mais simples do ponto de vista da burocracia?

DB: Do meu ponto de vista, sim. É muito mais fácil chegar a um mercado comprando ações de uma empresa local.

VR: Temos algumas empresas que abriram, como você disse, negócios russos do zero. Por alguns anos, tiveram representação no Brasil, mas acabaram fechando, no final das contas. Dá para dizer por que esses projetos não deram certo, para que no futuro as pessoas ajam de forma mais bem-sucedida?

DB: O fator mais importante a considerar é se existe mercado para cada produto ou serviço específico. Se não houver esse mercado, você pode abrir representação, mas não terá nenhum resultado. No caso da missão de empresas de TI russas, da nossa parte foi realizada uma pesquisa de marketing, fizemos uma apresentação do que pode ser oferecido e vendido aqui.

VR: Então vocês realizaram esse trabalho preliminar para que o negócio não vá para um vazio ou para um mercado que não tem demanda. Essa é sua prática normal, de aconselhar empresas que vislumbram o mercado brasileiro?

DB: Exatamente. Nós fazemos avaliações regulares nas principais áreas, como o mercado do petróleo e gás, o mercado financeiro, ou mais recentemente na área de Tecnologia da Informação. Estamos trabalhando ativamente com esse mercado. Fizemos uma missão de negócios, alcançamos resultados concretos na forma de contratos, e vamos trabalhar para que esse mercado tenha mais representação.

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