Diário da Rússia

Vladimir Beliakov

O Egito, depois da Primavera Árabe

O objetivo mais importante da revolução é restabelecer a ordem num país abalado pela mudança

O Egito está vivendo um momento muito importante da sua História, um período de transição desde a presidência de Hosni Mubarak, que ficou no poder durante 30 anos, para uma realidade nova.

Tudo começou com a revolução de 25 de janeiro de 2011, dia em que o Presidente Mubarak foi deposto e seu regime deixou de existir. Essa transição foi bastante instável, mas mesmo assim o país conseguiu avançar, e em dezembro do ano passado realizou eleições para o Parlamento, que pela primeira vez na História do país foram totalmente livres.

É preciso dizer que a sociedade egípcia se encontra bastante dividida, e há dois principais pontos de divergência. O primeiro é se o país deve seguir um rumo islâmico ou deve ser um Estado laico. E o segundo insiste em banir da política todos os representantes do antigo regime, o que também encontra alguma resistência. Mas isso só diz respeito às classes politicamente ativas que representam uma parte relativamente pequena da população. Quanto à maioria dos egípcios, a impressão geral que se tem é que o povo está bastante cansado das revoltas e manifestações.

A situação econômica e social do Egito se complicou bastante nos últimos 18 meses.

É que o Egito tem se desenvolvido muito rapidamente nas últimas décadas, e a revolução de 25 de janeiro teve causas meramente políticas e não sociais. A sociedade se cansou de o poder ficar nas mãos de um mesmo grupo de pessoas, e também dos abusos cada vez mais frequentes por parte da polícia. Essas foram as principais causas da revolução. Agora que tudo isso acabou, o que começa a preocupar a população é a alta dos preços e uma oferta de emprego menor, decorrente da fuga dos investidores.

Outro setor muito importante para o Egito é o turismo. Só para se ter uma ideia, no ano anterior à revolução o país recebeu 15 milhões de turistas estrangeiros, o que trouxe 12 bilhões de dólares à economia. O setor sofreu muito com os distúrbios, e o número de turistas já diminuiu bastante.

Outra preocupação recente no Egito é a questão da crescente violência. É também um problema novo, pois o Egito sempre foi um país muito tranquilo, com índices de criminalidade baixos.

Então, os principais objetivos da revolução, como a liberdade e a democracia, já foram conquistados, e o novo presidente vai ter que enfrentar desafios diferentes. O mais importante deles é restabelecer a ordem num país abalado pela chamada Primavera Árabe.

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