Diário da Rússia

Vladislav Kuzmichev

Rússia acelera crescimento industrial e recuperação da economia

Rússia consegue sustentar o alto ritmo de crescimento industrial e acelerar o processo de recuperação da economia

Segundo os resultados de janeiro, a Rússia conseguiu sustentar o alto ritmo de crescimento industrial e acelerar o processo de recuperação da economia. Desse modo, se em dezembro de 2010, comparando com o mesmo mês de 2009, o crescimento industrial foi de 6,3%, o mês de janeiro de 2011, comparado com o mesmo período do ano de 2010, registrou uma alta de 6,7%.

O crescimento mais expressivo ocorreu no setor da indústria de processamento. Carne, batata, madeira e produtos químicos (plásticos e borrachas), manufatura de tapetes, na indústria têxtil, tijolos, cimento, sofás, bem como de alguns produtos de metais preciosos, superaram a marca dos 10%. A maior alta foi registrada na produção de locomotivas elétricas (50%), reboques agrícolas para tratores (66,3%), tornos mecânicos (41%), equipamentos filtradores de líquidos (41,6%), turbinas a gás (65,9%) e canos de aço (30%).

Vale ser destacado também o crescimento produtivo da indústria automobilística. A produção de veículos de carga aumentou 2,8 vezes, a de ônibus, 5 vezes, e a de automóveis de passeio, 2,3 vezes.

O crescimento mais significativo na indústria extrativa foi registrado nas matérias-primas para o setor metalúrgico. A produção de minério de ferro aumentou 8,4%, e a de cobre, 11,9%. A produção de carvão registrou alta de 2,9%, e a de petróleo, 1,3%. A de gás sofreu uma leve queda, de 0,1%.

Apesar dos bons indicadores, alguns recentes acontecimentos ao redor do mundo provocaram sérias dúvidas quanto ao futuro crescimento da economia internacional, principalmente na Europa e na Ásia – que são os principais mercados para os produtos russos.

A onda de “Revoluções Laranjas” no norte da África e no Oriente Médio continua a ganhar força. Ela derrubou os regimes da Tunísia e do Egito e já começou a minar os pilares do regime iraniano. A explosão do gasoduto em território egípcio, em meio ao caos que tomou conta do país nas últimas semanas, demonstra de maneira clara toda a vulnerabilidade da infraestrutura do setor energético em momentos de crise. Não é por acaso que os preços do petróleo continuam a subir, apesar de o inverno estar chegando ao fim no hemisfério norte. Na noite de segunda-feira, 14, o valor do barril já era de 104 dólares. Por um lado, os altos preços dos recursos energéticos são lucrativos para o orçamento russo. Faltam somente cinco dólares de crescimento do preço do barril para evitar o déficit orçamentário russo em 2011.

Por outro lado, existe a possibilidade de que, em caso de problemas de fornecimento de petróleo do Irã (se o caos atingir a infraestrutura de energia do segundo maior produtor de petróleo da OPEP), os altos preços das commodities enfraquecerão ainda mais a economia europeia e desacelerarão o crescimento na Ásia. Isso significaria novos problemas para as companhias russas. Algumas delas já anunciaram o congelamento dos programas de capitalização, culpando a instabilidade dos mercados.

A Bolsa de Valores da Rússia reagiu a esses temores. Na segunda-feira, 14 de fevereiro, por exemplo, a companhia Rosneft anunciou com satisfação a descoberta de duas novas jazidas de gás e petróleo no leste do país, cujas reservas estão sendo avaliadas em 160 milhões de toneladas de petróleo. Apesar disso, as ações da empresa fecharam no negativo naquele dia. As ações dos bancos, por outro lado, demonstraram um desempenho melhor. Nesse determinado caso, o otimismo dos investidores foi sustentado pela capitalização dos 10% do banco VTB, o segundo maior da Rússia. A demanda foi bastante alta, e até registrou um excesso de assinaturas por ações.

Além disso, o relatório da agência Standard&Poor´s também causou um impacto negativo nas bolsas russas. Segundo o estudo, em 40 anos a Rússia enfrentará sérios problemas. A agência afirma que, no caso de o país não adotar uma série de reformas estruturais, políticas e fiscais, a população russa poderá diminuir em mais ou menos 24 milhões de pessoas até a metade do século.

Enquanto isso, a quantidade de aposentados duplicará e a população economicamente ativa será de somente 60% da população total. Segundo o relatório da S&P, em 2050 a dívida pública russa poderá chegar a 585% do PIB (mesmo sendo esse indicador um dos mais baixos no mundo de hoje).

É impossível saber se essas previsões se concretizarão. De qualquer modo, a questão demográfica é um grave problema para a Rússia. Nos últimos 20 anos, o número de habitantes da Rússia diminuiu em seis milhões de pessoas. Nos anos mais recentes o governo adotou diversas medidas para estimular a natalidade, mas, por enquanto, a tendência negativa não foi afetada.

[Por Vladislav Kuzmichev – Russia Beyond the Headlines – Especial para o programa Voz da Rússia e portal Diário da Rússia]

Tags: economia, rússia