O governo dos Estados Unidos reconheceu ante o Comitê das Nações Unidas contra a Tortura que "cruzou certos limites" durante os interrogatórios subsequentes aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Citada pela revista alemã Zeit, a porta-voz do governo norte-americano, Mary McLeod, declarou em Genebra que seu país exagerou em certas algumas e assume a responsabilidade.
A assessora disse que os Estados Unidos “se orgulham de sua liderança na proteção dos direitos humanos e do princípio do Estado de Direito”, tanto no país quanto no exterior, mas que, “infelizmente”, Washington “nem sempre” segue esses princípios.
Nos dois últimos dias o Comitê da ONU contra a Tortura revisou o quinto relatório norte-americano sobre o cumprimento, por parte dos Estados Unidos, das convenções contra a tortura e outros tipos de tratamentos desumanos. Na quarta-feira, 12, o Comitê apresentou à Casa Branca uma série de perguntas sobre o relatório, bem como sobre a implementação dos tratados assinados por Washington.
As questões de Genebra incluíam temas sobre a justiça juvenil, a violência sexual nas forças armadas e o número de suicídios e mortes nas prisões. Além disso, o Comitê exigiu uma explicação dos Estados Unidos sobre os métodos utilizados pela CIA durante os seus interrogatórios, nos quais existem denúncias de humilhação sexual, simulação de afogamento e intimidação de prisioneiros com cachorros.
Neste contexto, o Comitê contra a Tortura instou os norte-americanos a permitirem o acesso de relatores especiais da ONU à base de Guantánamo, em Cuba, e às prisões dos Estados Unidos.