O Primeiro-Ministro japonês, Shinzo Abe, anunciou oficialmente nesta sexta-feira, 21, durante uma reunião do governo, a sua decisão de dissolver a câmara baixa do Parlamento, que no Japão desempenha o papel principal no legislativo, e de realizar eleições gerais antecipadas. Os respetivos documentos foram assinados por todos os membros do gabinete. A campanha eleitoral começará oficialmente em 2 de dezembro e o pleito acontecerá no dia 14 do mesmo mês.
Abe espera que a decisão de dissolver o Parlamento e promover eleições antecipadas renda a ele o apoio do eleitorado para avançar sua campanha de recuperação da economia. Além disso, o premiê procura também consolidar as suas próprias posições políticas e criar condições para permanecer no poder.
Muitos analistas acreditam que a medida tem o objetivo de ofuscar a decisão de Abe de adiar o aumento no imposto sobre o consumo, de 8% para 10%, que, pela lei atual, deve acontecer em outubro de 2015. Postergar a subida do tributo exigiria passar pelo congresso uma nova legislação, o que significaria um desgaste para o governo.
Com a mudança repentina de planos, a oposição poderia endurecer suas críticas e ganhar força entre os eleitores. No entanto, se Abe adiar o aumento do imposto e, em seguida, seu partido vencer uma eleição, ele poderia ganhar o apoio popular e enfraquecer a oposição com uma jogada política.
O partido governista tem ampla maioria na formação atual do parlamento e poderia facilmente manter sua vantagem em uma eleição antecipada, já que a oposição ainda estaria despreparada para a campanha eleitoral. Uma eleição em 2015 ou 2016, ao contrário, poderia ser menos favorável ao partido de Abe.
A decisão do mandatário japonês de adiar em 18 meses a segunda subida do imposto sobre o consumo no país, por sua vez, se baseia na percepção de que o primeiro aumento, decretado em abril, contribuiu para levar a economia japonesa à recessão técnica.